Em 2011, uma série de polêmicas gerou em torno da obrigatoriedade das tomadas de três pinos e plugue hexagonal. Apesar de ter ficado fora da mídia por um bom tempo, este assunto retornou com força total.
De acordo com reportagem divulgada no Jornal Valor Econômico de 17 de junho de 2019, o Planalto prepara uma nova norma para fazer com que o uso desse padrão de conectores, tão dificilmente implantado, deixe de ser obrigatório. [Desconhecimento faz a população criticar o padrão brasileiro de tomadas]
Qual o problema disso?
De acordo com a ABNT NBR 14136 – Padrão brasileiro de Plugues e Tomadas – a tomada existente no Brasil foi elaborada seguindo todos os padrões de segurança estabelecidos.
Você sabia que o Brasil foi um dos primeiros países a adotar, quase que em toda sua totalidade, a norma proposta como padrão internacional pela IEC (IEC 60906-1).
Neste caso, dissemos “quase”, pois, alguns itens foram alterados como:
O padrão brasileiro serve para 127V e 220V. O padrão IEC 60906-1 serve apenas para 230V (para 127V tem a IEC 60906-2), além disso, o padrão IEC admite apenas 16A;
O padrão brasileiro não adotou dois tipos de tomadas para 127 e 220V como recomenda a IEC 60906 partes 1 e 2, mas adotou as recomendações de segurança, com condutor de proteção incorporado, posicionamento de fase e neutro, impossibilidade de contato direto e criou uma separação de cargas para tomadas através de design defensivo (pinos de espessura diferente;
Por fim existe a mentira de que o Brasil adotou um padrão único no mundo, a NBR 14136 é compatível com o padrão EUROPLUG dado pela EN 50075 “Flat non-rewirable two-pole plugs, 2,5 A 250 V, with cord, for the connection of class II equipment for household and similar purposes”.
Por que não podemos ter nosso próprio padrão de plugues e tomadas?
Vamos à seguinte situação:
Na Inglaterra o volante dos carros está localizado do lado direito e todos os fabricantes vendem carros assim. Lá, o padrão de tomadas e plugues NÃO é compatível com o europeu, de forma que os ingleses, ao atravessarem o Canal da Mancha, precisam usar adaptadores. Aí vem a pergunta: Por que eles não mudam para o padrão europeu? Não seria mais fácil?
O padrão brasileiro:
Como antigamente não existia um padrão nas tomadas e plugues, os fabricantes brasileiros acabavam colocando qualquer plugue em seus eletrodomésticos, porém, sempre que uma viagem para o exterior era feita, era preciso levar adaptadores. Bem, então, nada mudou! Continuamos viajando e tendo que levar nossos próprios adaptadores para utilizarmos as tomadas deles, não é mesmo? [O que faltou na padronização de plugues e tomadas no Brasil.]
A partir da “Lei do Fio Terra” – LEI Nº 11.337, DE 26 DE JULHO DE 2006 – Que “determina a obrigatoriedade de as edificações possuírem sistema de aterramento e instalações elétricas compatíveis com a utilização de condutor-terra de proteção, bem como torna obrigatória a existência de condutor-terra de proteção nos aparelhos elétricos que especifica.” – teríamos que garantir que as tomadas e plugues possuíssem a capacidade de levar o condutor de proteção até o ponto de consumo. Isto passou a ser garantido com um padrão de tomada de 3 polos. E como o padrão inclui o plugue, foi adotada a norma IEC como base do nosso padrão. Assim, a lei exige o fio terra, e o padrão garante que o consumidor terá a proteção disponível até seu eletrodoméstico. Isto tudo para as novas construções!
Por que está tão polêmica a história do fim da tomada de três pinos?
Uma palavra para essa questão é a resposta: SEGURANÇA!
Com a falta de obrigatoriedade desse padrão, as pessoas estarão mais suscetíveis aos choques elétricos voltando ao que era antes de 2011, onde foram registradas mais de 1500 mortes/ano devido aos choques elétricos. Atualmente este número teve uma queda, sendo registradas 600 mortes/ano.